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19 de Abril de 2024

Brasil elege Congresso mais conservador desde 1964

Apesar das manifestações por renovação política e avanço nos direitos sociais, Congresso em 2015 será um dos mais conservadores de todos os tempos. Cresce o número de militares, religiosos e ruralistas eleitos

Publicado por Pragmatismo Político
há 10 anos

Brasil elege Congresso mais conservador desde 1964

Apesar das manifestações de junho de 2013 — carregadas com o simbolismo de um movimento popular por renovação política e avanço nos direitos sociais —, o resultado das urnas revelou uma guinada em outra direção. Parlamentares conservadores se consolidaram como maioria na eleição da Câmara, de acordo com levantamento do Diap, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

O aumento de militares, religiosos, ruralistas e outros segmentos mais identificados com o conservadorismo refletem, segundo o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz, esse novo status. “O novo Congresso é, seguramente, o mais conservador do período pós-1964. As pessoas não sabem o que fazem as instituições e se você não tem esse domínio, é trágico”, afirma.

Ele acredita que a tensão criada pelo debate de pautas como a legalização do casamento gay e a descriminalização do aborto deve se acirrar no Congresso, agora com menos influência de mediadores tradicionais, que não conseguiram se reeleger. “No caso da Câmara, muitos dos parlamentares que cuidavam da articulação [para evitar tensões] não estarão na próxima legislatura. Algo como 40% da ‘elite’ do Congresso não estará na próxima legislatura, seja porque não conseguiu se reeleger ou disputou outros cargos. Houve uma guinada muito grande na direção do conservadorismo”, diz.

O levantamento do Diap mostra que o número de deputados ligados a causas sociais caiu, drasticamente, embora os números totais ainda estejam sendo calculados.

A proporção da frente sindical também foi reduzida quase à metade: de 83 para 46 parlamentares. Junto com a redução desses grupos, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização das drogas — temas que permearam os debates no primeiro turno da disputa presidencial — têm poucas chances de serem abordados pelo Congresso eleito, que tomará posse em fevereiro de 2015.

Posso afirmar com segurança que houve retrocesso em relação a essas pautas. Se no atual Congresso houve dificuldade para que elas prosperassem, no próximo isso será muito mais ampliado. Houve uma redução de quem defendia essa pauta no Parlamento e praticamente dobrou [o número de] quem é contra”, revela Antônio Augusto Queiroz.

Parte consistente do conservadorismo, segundo Queiroz, virá da bancada evangélica. Ele estima que o número de religiosos desta corrente deve crescer em relação aos 70 deputados eleitos em 2010. “A bancada evangélica vai ficar um pouquinho maior, mas com uma diferença: nomes de maior peso dentro das igrejas para melhor coordenar e articular os interesses desse segmento junto ao Congresso Nacional”.

Entre essas lideranças, o Diap já identificou 40 bispos e pastores.

Militares

O Diap também estima um aumento consistente de policiais e militares eleitos. Queiroz prevê que o aumento de parlamentares com este perfil deve chegar a 30%. “Esse grupo, necessariamente, vai fazer parte da ‘bancada da bala’, porque defende a defesa individual”, diz, referindo-se ao lobby da indústria armamentista.

A ampliação desse grupo é uma onda que veio na contramão das manifestações populares de 2013.

Isso é produto da alienação. Quem foi para rua, em grande medida, foi pedindo mudanças. Mas sem ter uma liderança capaz direcionar e coordenar [o movimento]. Era ‘contra tudo o que está aí'”, observa.

Queiroz considera que, caso o candidato do PSDB, Aécio Neves, seja eleito, temas como a redução da maioridade penal, considerada uma proposta conservadora, podem avançar facilmente no Congresso. “O PSDB perdeu em quantidade (reduziu de 12 para dez o número de senadores), mas é uma bancada que se renova do ponto de vista qualitativo. Só que com viés conservador”.

Fonte: Pragmatismo Político

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E então? podemos começar a ficar apavorados?
Não por conservadorismo e temas polêmicos.
Vai ser salutar uma discussão CLARA, mas COM participação maciça POPULAR.
Um choque entre representantes e representados vai colocar o brasileiro no lugar onde ele deve estar, DENTRO da política.
Votando o que votar, um parlamentar vai ter que se ver com o povo.
O que o elegeu OU o que é contra ele.
Acho que não devemos ter medo, mas sim, mostrar quem manda. Nós eleitores! continuar lendo

Faltou dizer quais interesses partidários e econômicos (para o PT não há distinção) o dirigente sindical defende. Aliás, o direito à legítima defesa não está na contramão das manifestações de 2013; bastando observar o resultado do referendo de 2005, no qual 63,94% dos cidadãos votaram contra a proibição da venda de armas de fogo. Mas, o governo do PT fez de conta que não viu o resultado das urnas e continuou proibindo e/ou dificultando a aquisição de armas pelos cidadãos. Os bandidos andam armados ou escoltados (ops!). Se um ladrão invadir a casa de um traficante morre à bala; se invadir minha casa eu "não devo reagir", como doutrinam os últimos ministros da justiça do PT. E aí, sr. Queiroz? Aposto que muita gente detentora de DAS está temendo os novos congressistas e têm motivo. Outra pérola do sr. Queiroz é o chute dele e dos seus companheiros quanto à distribuição partidária do novo Congresso Nacional (fonte: http://visaonacional.com.br/prognostico-do-diap-paraacamara-dos-deputados-na-eleicao-de-2014/). Alguns partidos hoje na oposição teriam sido massacrados pelo dito "prognóstico", mas, as urnas disseram o contrário. O novo Congresso Nacional vem aí, atenção! Mas, graças a Deus, eu e o sr. Queiroz temos o direito de expressar nossas ideias. continuar lendo