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16 de Abril de 2024

A culpa por ser pobre e não ter estudado é totalmente sua

– Uma frase que raramente traduz a verdade, mas é o que muita gente quer que você acredite

Publicado por Pragmatismo Político
há 10 anos

A culpa por ser pobre e no ter estudado totalmente sua

Aí a gente liga a TV de manhã para acompanhar os telejornais por conta do ofício e já se depara com histórias inspiradoras de pessoas que não ficaram esperando o Maná cair do céu e foram à luta. Pois a educação é a saída, o que concordo. E está ao alcance de todos – o que é uma besteira. E as cotas por cor de pelé, que foram fundamentais para o personagem retratado na reportagem alcançar seu espaço e mudar sua história, nem bem são citadas.

Pra quê? No Brasil, não temos racismo, não é mesmo? Até porque o negro não existe. É uma construção social…

Quando resgato a história do Joãozinho, os meus leitores doutrinados para acreditar em tudo o que vêem na TV ficam loucos. Joãozinho, aquele self-made man, que é o exemplo de que professores e alunos podem vencer e, com esforço individual, apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”.

(Sobe música triste ao fundo ao som de violinos.)

Joãozinho comia biscoitos de lama com insetos, tomava banho em rios fétidos e vendia ossos de zebu para sobreviver. Quando pequeno, brincava de esconde-esconde nas carcaças de zebus mortos por falta de brinquedos. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou (contando com a ajuda de um mecenas da iniciativa privada, que lhe ensinou a fazer lápis a partir de carvão das árvores queimadas da Amazônia), andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje é presidente de uma multinacional.

(Violinos são substituídos por orquestra em êxtase.)

Ao ouvir um caso assim, não dá vontade de cantar: Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooooooor?

Já participei de comissões julgadoras de prêmios de jornalismo e posso dizer que esse tipo de história faz a alegria de muitos jurados. Afinal, esse é o brasileiro que muitos querem. Ou, melhor: é como muitos querem que seja o brasileiro.

Enfim, a moral da história é:

“Se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade, com professores bem capacitados, remunerados e respeitados, e de um contexto social e econômico que te dê tranquilidade para estudar, você é um verme nojento que merece nosso desprezo. A propósito, morra!”

Uma vez, recebi reclamações da turma ligada a ações como “Amigos do Joãozinho”. Sabe, o pessoal cheio de boa vontade genuína e sincera, mas que acredita que o problema da escola é que falta gente para pintar as paredes. Um deles me disse que acreditava na “força interior” de cada um para superar as suas adversidades. E que histórias de superação são exemplos a serem seguidos.

Críticas anotadas e encaminhadas ao bispo, que me lembrou de que eu iria para o inferno – se o inferno existisse, é claro.

O Brasil está conseguindo universalizar o seu ensino fundamental, mas isso não está vindo acompanhado de um aumento rápido na qualidade da educação. Mesmo que os dados para a evolução dos primeiros anos de estudo estejam além do que o governo esperava no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), grande parte dos jovens de escolas públicas têm entrado no ensino médio sabendo apenas ordenar e reconhecer letras, mas não redigir e interpretar textos.

Enquanto isso, o magistério no Brasil continua sendo tratado como profissão de segunda categoria. Todo mundo adora arrotar que professor precisa ser reconhecido, mas adora chamar de vagabundo quando eles entram em greve para garantir esse direito.

Ai, como eu detesto aquele papinho-aranha de que é possível uma boa educação com poucos recursos, usando apenas a imaginação. Aulas tipo MacGyver, sabe? “Agora eu pego essa ripa de madeira de demolição, junto com esses potinhos de Yakult usados, coloco esses dois pregadores de roupa, mais essa corda de sisal… Pronto! Eis um laboratório para o ensino de química para o ensino médio!”

É possível ter boas aula sem estrutura? Claro. Há professores que viajam o mundo com seus alunos embaixo da copa de uma mangueira, com uma lousa e pouco giz. Por vezes, isso faz parte do processo pedagógico. Em outras, contudo, é o que foi possível. Nesse caso, transformar o jeitinho provisório em padrão consolidado é o ó do borogodó.

Pois, como sempre é bom lembrar, quem gosta da estética da miséria é intelectual, porque são preferíveis escolas que contem com um mínimo de estrutura. Para conectar o aluno ao conhecimento. Para guiá-lo além dos limites de sua comunidade.

“Ah, mas Sakamoto, seu chato! Eu achei linda a história da Ritinha, do Povoado To Decastigo, que passa a madrugada encadernando sacos de papel de pão e apontando lascas de carvão, que servirão de lápis, para seus alunos da manhã seguinte. Ela sozinha dá aula para 176 pessoas de uma vez só, do primeiro ao nono ano, e perdeu peso porque passa seu almoço para o Joãozinho, um dos alunos mais necessitados. Ritinha, deu um depoimento emocionante ao Globo Repórter, dia desses, dizendo que, apesar da parca luz de candeeiro de óleo de rato estar acabando com sua visão, ela romperá quantas madrugadas for necessário porque acredita que cada um deve fazer sua parte.”

Ritinha simboliza a construção de um discurso que joga nas costas do professor a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso das políticas públicas de educação. Esqueçam o desvio do orçamento da educação para pagamento de juros da dívida, esqueçam a incapacidade administrativa e gerencial, o sucateamento e a falta de formação dos profissionais, os salários vergonhosamente pequenos e planos de carreira risíveis, a ausência de infraestrutura, de material didático, de merenda decente, de segurança para se trabalhar.

Joãozinho e Ritinha são alfa e ômega, a responsável por tudo. Pois, como todos sabemos, o Estado não deveria ter responsabilidade na vida dos cidadãos.

Vocês acham sinceramente que “a pessoa é pobre porque não estudou ou trabalhou”?

Acham que basta trabalhar e estudar para ter uma boa vida e que um emprego decente e uma educação de qualidade é alcançável a todos e todas desde o berço?

E que todas as pessoas ricas e de posses conquistaram o que têm de forma honesta?

Acham que todas as leis foram criadas para garantir Justiça e que só temos um problema de aplicação?

Não se perguntam quem fez as leis, o porquê de terem sido feitas ou questiona quem as aplica?

Como já disse aqui, uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que podem colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está. Educar pode significar libertar ou enquadrar – inclusive libertar para subverter.

Que tipo de educação estamos oferecendo?

Que tipo de educação precisamos ter?

Uma educação de baixa qualidade, insuficiente às características de cada lugar, que passa longe das demandas profissionalizantes e com professores mal tratados pode mudar a vida de um povo?

O Joãozinho e a Ritinha acham que sim. Mas eu duvido.

Fonte: Pragmatismo Político

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Esse tipo de lógica no texto é uma verdadeira inversão de valores. O pensamento crítico que defende que seja ensinado nas escolas, para o autor do texto, serve apenas para concordar com sua lógica.

Parte do pressuposto que todos fecham os olhos para a corrupção ao aplaudir os méritos da superação. A Verdade é que só é mérito por que é superação.

Ninguém ignora que educação de qualidade seja um direito mínimo a que todos deveriam ter acesso, mas concluir que quando tivermos isso todos seremos iguais e não haverá mais pobreza para mim não faz sentido.

Em todas as instituições que frequentamos observamos que tem aqueles que buscam superação e aqueles que simplesmente se lamentam. São os acomodados que carregamos nos ombros nos trabalhos de faculdade. São os coleguinhas da sala que emprestamos a lição de casa. São aqueles que tem como objetivo de vida casar-se com pessoas ricas.

Independentemente da estrutura que seja dada gente acomodada sempre vai existir e a única coisa que mudará com a qualidade de ensino é o nível da competição.

Fico me perguntando se na realidade econômica brasileira a educação seja mesmo nosso santo remédio para a pobreza. A impressão que tenho é que hoje todos possuem diploma superior. As "uni"qualquer coisa dão diploma pra qualquer um mas o mercado brasileiro não precisa de diploma.

"A mão de obra qualificada" que o mercado sempre reclama estar em falta é o conhecimento técnico. Não é a toa que as faculdade de engenharia não cansam de abastecer o mercado que parece estar sempre em falta de engenheiros.

Nossos engenheiros são os verdadeiros operários que aprenderam a girar parafusos mais complexos. O mercado brasileiro não precisa de cabeças pensantes.

No Brasil ninguém investe em pesquisa. Somos uma verdadeira terra para ser arrendada aos estrangeiros.

A educação ajudará muito mais a sociedade brasileira a longo prazo por desenvolver o pensamento crítico nas massas do que por si só no desenvolvimento individual humano.

Trabalhando 44 horas semanais de operador de empilhadeiras e ou técnico da manutenção elétrica você com certeza ganhará mais que muito advogado sênior mas não terá muito tempo para pensar em quem votar não é mesmo?

Terá dinheiro para parcelar seu carro e quem sabe até comprar uma casa mas nesse ponto por que precisará estudar política e história? continuar lendo

NÃO acho que a culpa de ser ou nascer pobre seja sua, mas a culpa de CONTINUAR pobre, SIM!

Reclamar é sempre mais fácil que agir ("agir dá muito trabalho, trabalho, tô fora!"). Seja reclamar da educação, da falta de oportunidade, da corrupção... Mas enquanto isso, ninguém gosta de estudar, trabalhar, perder noite, e ninguém procura ser honesto antes de reclamar dos corruptos.

Existe sim classes com mais dificuldade que outras, mas conheço muitos exemplos de pessoas pobres que estudaram muito, mesmo em condições adversas, e conseguiram crescer na vida. Não são sortudos, são merecedores do esforço que fizeram para chegar onde estão.

Mas é intrínseco ao ser humano buscar o caminho mais fácil... E falo isso porque já vi exemplos de empregadas domésticas que a patroa deu a oportunidade dela estudar (pagando todos os custos) e ela simplesmente não quis, pq ia ficar muito cansativo estudar a noite.

Não adianta dar boa educação se a pessoa não quer estudar. Os melhores colégios tem péssimos alunos, assim como os piores colégios tem ótimos alunos. A educação é sim deficiente, mas o aluno tem total responsabilidade sobre o sucesso dela.

Aproveitando:
"Bolsista, lavador de carros do DF passa na OAB antes de se formar.
Nascido no Piauí, Flávio da Silva vendia picolés para pagar escola."
http://qualconcurso.jusbrasil.com.br/noticias/128609913/bolsista-lavador-de-carros-do-df-passa-na-oab-antes-de-se-formar continuar lendo

Cara Camila, trabalhar duro significa não ter tempo prá pensar? Sabe tudo que é levado ao extremo, é perigoso. Claro que você tem razão em muitas coisas. Veja-se que todas as reformas na Educação foram para piorar a qualidade: a extinção do exame de admissão, a extinção dos cursos técnicos no 2º grau, a proibição da repetência. Creio que os "pensantes" de fato, não trabalham, esse é o mal!! Ainda estamos vivendo os males deixados pela escravidão, em que o trabalho era mal visto. Advogados, engenheiros, físicos, marceneiros, bombeiros que trabalham, devem se acostumar a pensar e aceitar a realidade. Concordo com o artigo, óbvio que o espaço é curto, para ver o outro lado. Mas não nos iludamos que Joãozinho e Ritinha tiveram bons exemplos que os inspiraram e, quase certo, têm pais especiais, seus professores! continuar lendo

Na minha opinião quando se tem uma educação com uma infraestrutura terrível,e alunos com famílias totalmente ignorantes,não há praticamente nenhum motivo para uma criança ou adolescente ter uma vontade espontânea de estudar,até porque eu que tenho acesso a uma educação de qualidade,as vezes n estou com vontade estudar,mas sei que se eu n fizer isso n serei bem sucedido no futuro,então para um adolescente sem formação com uma família também sem formação ele n vai ligar nunca pra escola.O Governo também tem um grande parcela de culpa pois são raras as vezes que se vê promgramas de conscientização para jovens desprovidos de um bom ensino,mostrar para eles que o mundo é bem maior que uma moto,ou algumas mulheres,agora vc imagina para um garoto que não tem acesso a educação,n tem um colégio com uma infraestrutura adequada para ao menos se concentrar no que está fazendo e mais,Professores com salários baixíssimos que juntando os fatores escola+alunos+salário a aula que um professor dará na rede pública será mto pior do que em um colégio particular onde vc tem uma infraestrutura mediana/boa,alunos que tem mais interesse por ter uma família bem estruturada que lhes guiam para um futuro com mais oportunidades que vão além de uma moto e uma menina. continuar lendo

Na minha opinião ele quis dizer que quando haver educação igual para todos, haverá também oportunidades iguais para todos e assim se destacaram aqueles que se esforçarem mais e o mérito será legítimo e não derivado de algum benefício adquirido pela origem familiar do indivíduo pois pouco importará, a final todos terão acesso as condições pré requisitadas. Não tenho dúvidas que a educação de qualidade é o santo remédio para a cura da pobreza, o indivíduo minimiza sua condição de pobreza quando primeiro ele reconhece sua condição dentro da sociedade e em seguida adentra o mercado de trabalho, o mercado de trabalho é exigente, anseia por mão de obra qualificada, não adianta esta desempregado se você não sabe fazer nada. O grande problema é que essa responsabilidade de forma gente para trabalhar fica a cargo do governo, o governo não da conta de oferecer qualificação para tanta gente e também por isso a precarização da educação pública fundamental, desta forma é uma utopia achar que um dia todos terão acesso as mesmas oportunidades. De fato, como você falou, o mercado brasileiro não precisa de cabeças pensantes, a lógica capitalista necessita de gente que trabalhe como robôs, robôs não questionam nada, não questiona que trabalhar 44 horas semanais o impede de estar com a família por mais tempo, de ir a igreja, a uma festa, de viajar, por exemplo, mas é melhor ser um robô com conforto do que um robôs sem conforto. Por fim, eu digo que não há vagas para todos, se uma pessoa tentou e conseguiu é porque existem mil iguais a ela que tentou da mesma forma e não conseguiu. continuar lendo

Shankar e Adelson. Gostei das resospostas continuar lendo

Essa história de onipotência da educação, a salvadora da pátria, a solução de todos os problemas, é mero lobby para captar o máximo de investimento material possível para a categoria, independente da carência de outros setores.
E ainda sobra um ganho moral faturando em cima dos indefesos.
Existem várias profissões dignas que nada tem a ver com grau de escolaridade.
Mesmo as pessoas formadas nas melhores universidades não tem retorno garantido.
Que o diga o bacharel em Direito.
O engenheiro civil sem obra disponível.
Já houve época no Brasil em que havia excesso de universitários que emigravam para os Estados Unidos para lavar pratos.
Tudo depende da economia do país e do mercado de trabalho.
3 dias atrás continuar lendo

Ponderações inteligentíssimas. Também achei o texto excessivamente rigoroso e alheio à complexidade das diversas questões correlatas ao tema. Mesmo assim, um ponto é crucial e nisso todos concordamos: a Educação de base ainda é a salvação sim. No mundo verdadeiramente educado, o mercado irá ditar a demanda dos cursos. O que ocorre hoje é que por absoluta ignorância da população, "empreendedores" espertalhões abrem as "uni" qualquer coisa que vc citou, para explorar um negócio lucrativo: distribuição de diplomas. Mas a verdadeira Educação pela qual clama o autor do texto, um dia, irá corrigir inclusive essa falha. Mas não será amanhã. Roma não se fez em um dia e o imediatismo é o pior inimigo do crescimento. continuar lendo

Concordo com o texto acima, porém, gostaria de salientar que não adianta você dar bons salários aos professores, fornecer instalações de qualidade aos alunos, incentivar professores a se prepararem melhor, se não fizermos também um trabalho de recuperação da família. Sou casada com professor da rede pública, e infelizmente seu desânimo não é pelo baixo salário, pelas condições da escola, mas sim pela falta de interesse dos alunos, que vão a aula para passar o tempo. De 10 alunos, quando muito 2 se salvam, os demais passam a aula ouvindo música, no facebook, fazendo as unhas, qualquer coisa, menos assistindo a aula. Precisamos obrigar a família a fazer sua parte, cuidar de seus filhos, isso é obrigação da família, não da escola. Enquanto tratarmos a todos como coitados, não acredito que mude muita coisa. E tenho certeza que se a família participar mais da vida de seus filhos, todos seremos brasileiros conscientes e saberemos exigir nossos direitos. continuar lendo

Muito interessante essa sua visão sobre o comprometimento da família (os responsáveis pela crianças e adolescentes). O problema é que também as famílias vivem uma falta de estrutura muito grande. Há muitas crianças e adolescentes que simplesmente não têm quem os eduque, que os ampare (podem até ter casa e pais presentes, mas não há estrutura de família). Os valores da Sociedade precisam ser outros. A educação deveria ser sempre a prioridade, mas não é. Na classe média (alta ou baixa), a prioridade muitas vezes é roupa de grife. Quando a sociedade passa a exigir do Estado educação de qualidade, de modo participativo, nas escolas, na comunidade, etc, a tendência natural é que tudo evolua. Mas quantos pais comparecem ao menos nas reuniões escolares? e quando comparecem, do que se queixam? E quando se queixam, o que fazem para colaborar? continuar lendo

Se eu fosse professor, daria todo meu apoio aos "2 que se salvam". Se entendi bem esses 2 são aqueles que estão interessados em aprender. Quanto aos outros, receberiam o que merecem de acordo com seus comportamentos: "Ouvindo músicas ou facebook", "fazendo unhas", "qualquer coisa menos assistindo a aula", então vai fazer na sala da diretoria! continuar lendo

Ana Clara

Concordo com o Dejair. Eu sou um dois dois que venceram, não tenho carreira acadêmica, nem faculdade, sou técnico em duas profissões e iniciei terceira carreira na construção civil onde faço casas e vendo, o que dá um dinheirão.

Mas acho que o foco tem que ser os que querem vencer e deixar o RESTO pra lá. Nossas escolas não são boas, mas oferecem o suficiente pra uma pessoa vencer na vida e as pessoas que nela vão não estão nem ai e acho que se o que o escritor menciona tivéssemos estaria coberto de poeira, afinal o pouco que tem não serve pra muita coisa.

Os pais põe os filhos no mundo e como disse a Liliane, largam-no a mercê da sorte e dizem:"sabe por que não cuido do meu filho? É culpa do governo! Ele não me dá isso, não me dá aquilo..." E a criança que infernize a vida do professor, mas o do cigarro, da copa, do carnaval, do churrasco, do celular, isso tudo não falta, "né mêmo?"

Qual o quê. Onde está o coração está o corpo e se alguém quiser vencer, mas ficar com o ódio demonstrado pelo escritor então não vai chegar a lugar algum, tem que, neste mundo cão, deixar de destilar mágoa contra tudo o que é contra e procurar seu lugar ao sol, com a força do braço, da mente e ajuda de Deus.

E deixa o governo pra lá que ele só sabe arrecadar, vamos bater um papo com ele nas eleições. Temos opções? continuar lendo

Sou filha de professora e estudante. Concordo plenamente com você. Estudo jornalismo, meus colegas reclamam até mesmo quando têm que debater algo em sala. Não querem fazer atividades, para ele faculdade é meramente uma espécie de "status". De fatos não temos boa infraestrutura, mas os professores se empenham ao máximo, porém a maioria dos alunos não. continuar lendo

Ainda bem que o Dejair não é professor! continuar lendo

Melhor resposta que li sobre o texto! A família é base de tudo, sobretudo da sociedade. Logo, se o aluno não tem incentivo familiar, pressão dos pais, qual a vontade terá em estudar? Todos sabemos o quanto é cansativo e "chato" estudar por horas a fio. Quem não é criado para enxergar a longo prazo vai viver pelo pouco - pouco estudo, pouco emprego, pouco dinheiro, etc. continuar lendo

Atribuir toda a culpa e responsabilidade a uma criança que nasceu sem proteção da família, se a tiver.
A fonte diz tudo! continuar lendo

Será que o professor ,também, não é responsável pela falta de interesse dos alunos,por não saber se portar em sala de aula.Sempre que escuto isso ,lembro das aulas de geografia do colégio.A professora chegava pegava o livro e começava copiar na lousa,e ia desse jeito até o fim,o professor de biologia não conseguia terminar uma frase sem se perder e ter de consultar o livro, nunca houve uma discussão sobre, por exemplo, a origem das espécies que é a base da biologia .Esse aluno que dorme em sala de aula,amanhã vai ser professor, engenheiro,técnico,é ilusão pensar que existem exceções,mesmo quem se supera poderia ser muito melhor, se tivesse uma educação de qualidade.Alguns meses atrás,veio uma professora Francesa discutir alguns assuntos relacionados a um intercambio, e por coincidência acabou assistindo a aula de um dos professores (um bom professor até),ao final da aula a professora disse que " se ela desse uma aula daquela na França estaria desempregada,aula somente expositiva,que é o que todo professor universitário Brasileiro faz. continuar lendo

Lendo o texto, me identifiquei profundamente, está certo, sou loira, tive pais presentes que sempre me disseram que o único limite que existe é o que eu me coloco, pois eu posso tudo, e assim foi toda minha vida (pode subir os violinos).
Mas o interessante em tudo isso é que há pontos que são importantes, a negativa da existência de discrepâncias, homem/mulher, negro/branco,pobre/rico e essas medidas afirmativas no fundo além do caráter eminentemente político são uma forma de reafirmar que somo diferentes e melhor, que isso pode ser usado a seu favor.
Bem, sempre estudei em escola pública, do pré a Faculdade Federal, mas com toda certeza não se pode igualar situações que são opostas, cada uma dessa crianças tem o direito à saúde, à educação, ao lazer...mas ao final nem seu comentário, menos meu comentário refletem tudo que acontece, continuar lendo

Ângela, identifiquei-me com seu texto. Nossas histórias são parecidas. Sempre estudei em escola pública (da Cartilha de ABC à Faculdade), mas tenho pais especiais, assim como você. Quando cheguei à minha primeira faculdade federal tinha duas alunas oriundas de escola pública. Na segunda faculdade pública havia apenas eu! Há algo muito errado! Me formei, trabalhei paguei o ensino de meus filhos até o 2º grau - a faculdade deles é pública (o ensino público piorou!). Resultado: nasceu pobre, já era! Os casos de escape são raros, ainda mais com a degradação da família e a escalada do uso de drogas. Sou muito pessimista com relação ao futuro. Façamos algo para salvar alguém do destino cruel! Vamos, você e eu que temos dívidas, vamos ensinar em comunidades, vamos estender a mão alguns "salvavens". Um forte abraço e parabéns. continuar lendo

não achei o botão para te responder, mas deixo aqui a resposta.
Prezada Ana Creusa Martins dos Santos,
Nós somo do tamanho dos nossos sonhos e com certeza, quando alguém começa a sonhar já está no caminho certo, pois com a escola define o caminho.
Eu sei que é bem comum a questão dos estudos de baixa qualidade mas eu sigo com minha posição de que o melhor é sempre o que todos tem, mas usando tudo os que tem de verdade, de nada adianta uma tarefa que não é feita, um livro na estante é peso de papel. Na vida temos que escolher muito mesmo, eu que o diga, já viajei muito, mas independente de onde fui, levei a luz, que isso não se esquece. E eu acredito que limites somos nós que decidimos, mas não basta decidir, tem de agir e para isso é necessária e vontade, pois não é uma ou duas vezes que a vida nos testa, ma melhor de que dizer vim e venci e hoje eu volto para onde vim e faço parte para q tudo melhore. Um grande abraço e obrigada pelo comentário Ana. continuar lendo

Realmente revoltante.
Sempre achei um absurdo aplaudirem essas pessoas que se desdobram em várias para cumprir com o seu papel, sem nada fazerem para garantir o que de fato são direitos deles. Quer aplaudir? Ótimo!!! Mas inclua no seu projeto de vida atitudes que ajudem essas pessoas a trabalharem com um mínimo de dignidade, por que é um absurdo, não haver escolas suficientes, merenda suficiente, professores bem pagos e habilitados, crianças que viajam todos os dias para estudar...
É louvável, sim, claro que é que hajam esses heróis anônimos. Assim como é vergonhoso para um país sério e comprometido com a sua população, que esse tipo de situação aconteça.
Ahhhh... mas é lá nos "cafundós do Judas"....
Pois eu digo que é justamente nos "cafundós do Judas" que esse tipo de coisa - o destrato, desrespeito e falta de consideração - começa, depois, pouco a pouco, isso vem ganhando terrenos mais próximos, afinal, se o povo de lá se vira, o povo daqui também...
A população tem é que primar por uma qualidade de vida boa para todos e não apenas para alguns.
A educação que temos hoje está longe de ser a ideal. O que adianta dar computadores para as escolas se não for contratado professores habilitados para essa função? E que professor habilitado vai se sujeitar ao salário de miséria que é oferecido? Enquanto isso os políticos profissionais - coronéis modernos - estão engordando no mesmo ritmo em que o povo é ludibriado e passado para trás.
Vamos acordar??? continuar lendo

Sabe Doutora,
A vida infelizmente não é cheia de raios de sol, passarinhos que nos despertam pela manhã.
O mundo é um lugar horrível, em que a maior das pessoas que deveriam receber bolsa estudo, família ou sei lá qual a bolsa da vez, não pode, pois passam o dia catando papel, fazendo qualquer coisa para pelo menos alimentarem-se, muitas vezes comendo o lixo que está nas proximidades de restaurantes.
Uma pessoa que sai dessa miséria toda, que quebra esse ciclo, é motivo para comemorar, não pelo só individuo, mas pela esperança ele deixa em todos a sua volta.
Acordar é importante (mas confesso, nunca dormi), mas não há nada de novo na frase, a grande pergunta é, o que cada um faz para que tudo mude, ou pelo menos o que fazemos para mudar um pouquinho tudo que nos cerca, given back, pode ser pouco, mas com muitos fazendo um pouco, quem sabe não temos um país melhor. continuar lendo

Com certeza, tudo começa com "ter os pais presentes", mesmo que seja só a mãe ou só o pai, mas convictos da necessidade do filho. Estamos estatisando muito a educação e o ensino de nossos filhos.
Deveriamos estar procurando e falando com nossos filhos e seus professores da pré-escola até estes pequenos chegarem ao final do nível médio, tal vez inicio do curso superior, e muito importante acompanharmos o inicio de suas vidas profissionais.
Fala-se em educação, e o ensino?
E para que e para onde deve ir o ensino e como usar a educação?
Oque realmente queremos é ensino ou educação?
No momento, por falta de educação, que é obrigação dos pais, não estamos tendo ensino.
São palavras de um velho que não teve pai presente, ele morreu quando eu tinha 12 anos, mas que teve uma mãe que me cobrou isto todo instante, principalmente pelo exemplo que eles me deram! continuar lendo

É isso mesmo Angela, se todos fizerem um pouco a situação pode melhorar. Porém, o que mais me admira, é que quem aplaude (muitas vezes) pode fazer mais do que o aplaudido, entretanto, nada faz, fica só no aplauso.
Muito me chateia é, no caso desse exemplo, professores com tanto comprometimento não terem respaldo de quem pode realmente mudar a situação. Eles se viram, se dedicam, se matam e conseguem bravamente de acordo com as possibilidades dar a volta por cima, e tudo pra quê? Apenas para aplausos? Reconhecimento? Isso não enche barriga e muito menos alivia o caos em que vivemos. É necessário mais.
É nesse sentido que devemos acordar. Lutar para que essa pessoa acabe por ter a mesma condição que outras, dar um jeito, estudar uma maneira. Mas o povo deixa certos governantes (abrangente a todos os políticos é que eu me refiro) terem como prioridade seus próprios bolsos e de que forma o fazem? Reelegendo os mesmo pulhas por incontáveis vezes, os chamados políticos profissionais e ainda por cima calhordas.
Perdoe-me os palavrões cara colega, mas não me conformo em ver merendas podres, crianças tendo aula em condições precárias e professor sem material, no mínimo, adequado entre uma lista imensa de outros fatores a serem melhorados.
É muita cara-de-pau ficarmos "apenas" aplaudindo.
A gente tem que lutar para isso seja erradicado. Em todas as áreas.

E muito obrigada pela saudação, porém me vejo na obrigação moral de dizer que ainda não sou Doutora, sou uma simples professora que, também, trabalha com amarras. continuar lendo